Introdução

No mundo BPM tem muita sopa de letrinhas, são muitas siglas e a maioria em inglês. Algumas vezes a mesma sigla parece querer dizer duas coisas diferentes, ainda por cima! Então hoje vamos esclarecer algumas das siglas do mundo BPM! Vamos falar de: BPM, BPMN, BPI, BPA, BPR, BPMMM e BPMS. Existem algumas outras, mas podemos começar por essas que são mais comuns.

BPM (Business Process Management)

BPM tem dois significados em inglês. Pode significar Business Process Modeling ou Business Process Management, que em português significa Modelagem de Processos de Negócio ou Gestão de Processos de Negócio, respectivamente. Para entender o significado da sigla, primeiramente vocês devem prestar atenção ao contexto no qual a sigla está inserida. Na dheka, toda vez que utilizamos a sigla BPM estamos falando de Gestão de Processos de Negócio e a diferença entre gestão e modelagem nós já abordamos em outros posts, onde explicamos as fases do ciclo BPM. O BPM é uma abordagem completa para processos (ABPMP BRASIL, 2013; DUMAS et al., 2013). O ciclo de BPM engloba várias etapas: Projeto, Modelagem, Simulação, Execução, Monitoramento e Melhoria. Então, a fase de Modelagem é uma das fases da Gestão de Processos de Negócio, ou seja, ela está dentro da Gestão de Processos de Negócios.

BPA (Business Process Analysis)

O Business Process Analysis, que significa Análise de Processos de Negócio, ocorre quando a modelagem de um processo AS-IS, ou seja, a situação atual de um processo é analisada para identificar quais são os pontos nos quais aquele processo tem problemas, gargalos no processo ou concorrência de recursos e etc. O BPA busca os pontos onde existem oportunidades de melhorias no processo. Para realizar essa análise podem ser utilizadas diversas técnicas para que esse processo seja criticado, buscando oportunidades de melhorias.

BPI (Business Process Improvement)

Business Process Improvement, que significa Melhoria de Processo de Negócio, é quando os processos são redesenhados e as melhorias são implementadas, para que as melhorias propostas sejam agregadas ao processo AS-IS, criando o processo TO-BE. Essa é a última fase do ciclo de BPM, chamada de fase de melhoria. Então, na hora em que estou construindo um processo novo, projetando um processo TO-BE, estou fazendo a melhoria desse processo.

BPR (Business Process Reengineering)

Business Process Reengineering significa Reengenharia de Processos de Negócio (HAMMER; CHAMPY, 2001), um assunto que já falamos em um vídeo. A BPR é uma abordagem radical, onde desconsidera-se o processo atual que já existe e são criados processos totalmente novos. O BPR se distingue do BPI pelo foco que o BPI coloca em entender o AS-IS para então fazer a melhoria. Essas são duas abordagens possíveis para gestão de processos de negócio: uma é mais revolucionária (o BPR) e a outra é mais evolucionária (o BPI), onde se evolui a partir dos processos já existentes na empresa.

BPMN (Business Process Model and Notation)

A Business Process Model and Notation, em português, Notação e Modelo de Processos de Negócio, é uma notação, ou seja, uma linguagem para representação de processos de negócio. A BPMN é a notação líder de mercado para representar e modelar um processo de negócio.  Existem outras notações no mercado e já comentamos anteriormente sobre a diferença entre a BPMN e a EPC (Event-driven Process Chain). A BPMN é a notação mais utilizada pelas empresas para modelar seus processos de negócio e atualmente está em sua versão 2.0. A BPMN engloba tanto as fases de modelagem quanto de melhoria, já que podemos usar a notação para modelar os processos AS-IS e TO-BE.

BPMMM (Business Process Management Maturity Model)

Business Process Management Maturity Model significa Modelo de Maturidade para Gestão de Processos de Negócio. O que são esses modelos de maturidade para Gestão de Processos? Veja uma explicação no vídeo da entrevista com o Humberto Rubens.

A ideia dos modelos de maturidade é originada de outras áreas como, por exemplo, TI e desenvolvimento de software, de onde nasceram o CMMI e MPS-BR. A partir daí, o conceito de modelo de maturidade foi se expandindo para outros domínios e chegou ao BPM também. Hoje temos alguns modelos maturidade possíveis para BPM na literatura, existindo diferentes autores que apresentam propostas com abordagens distintas. Os modelos que utilizamos na dheka, são do Prof. Michael Rosemann (ROSEMANN e BRUIN, 2005) da QUT na Australia, que é um modelo mais complexo porque é multidimensional e apresenta uma visão bem completa da empresa; e também o modelo de Fisher (FISHER, 2004). 

Mas para que serve o Modelo de Maturidade em Gestão de Processos?

Ele serve como um referencial para que a empresa possa responder a certas perguntas como por exemplo: como eu sei o quanto avançada está minha empresa hoje em relação à gestão de processos? Como sei o que devo fazer para chegar a um nível de maturidade maior?

Esses modelos de maturidade fornecem um caminho de evolução progressiva que diz o que precisa ser feito para sair do nível de maturidade onde estou para chegar a um nível mais alto de maturidade em gestão de processos na minha empresa. Então além de fornecer um diagnóstico para saber qual é a situação hoje em relação aos processos, esses modelos de maturidade também apresentam o que é preciso fazer para aumentar esse nível de maturidade em relação aos processos.

BPMS (Business Process Management System)

A sigla BPMS significa Business Process Management System, que em português significa Sistema de Gerenciamento de Processos de Negócio, mas também existem usos como Business Process Management Software ou Business Process Management Solution. Independente de qual é o acrônimo adotado, o significado é o mesmo: O BPMS é uma ferramenta de gestão de processos de negócio: é a tecnologia por trás do BPM.

O BPMS oferece um ambiente é possível modelar e depois executar os processos na prática dentro de uma ferramenta, onde eles serão instanciados para as suas diferentes ocorrências. Isso significa que esse processo será disparado várias vezes, cada vez para uma situação diferente.

Ferramentas de BPMS

As ferramentas de BPMS geralmente são bem estruturadas e são capazes de ler e interpretar o modelo de processo, transformando aquelas caixinhas desenhadas no diagrama em alguma coisa que acontece na prática no dia a dia da empresa: as tarefas chegam para as pessoas, os sistemas são acionados, os formulários são preenchidos. Assim, uma ferramenta de BPMS executa um processo na vida real fazendo com que as pessoas sigam aquele processo muitas vezes sem perceber que estão participando daquele processo. 

Acredito que muitos de vocês participem de execuções de processos, e utilizem ferramentas de BPMS ou ferramentas que tem alguma máquina de workflow guiando o processo, e muitas vezes não sabem que estão usando uma ferramenta de BPMS que está orquestrando o processo.

Conclusão

Gostaram? Deu para entender todas as siglas explicadas? Tem curiosidade para saber mais sobre algum dos tópicos nesse post? Temos diversos vídeos, ebooks e cursos que apresentam em mais detalhes os assuntos que abordamos nesse post.

Referências

ABPMP BRASIL. BPM CBOK V3.0: Guia para o Gerenciamento de Processos de Negócio. 1. ed. [s.l.] Corpo Comum de Conhecimento, 2013.

DUMAS, M. et al. Fundamentals of Business Process Management. 2 ed. New York: Springer, 2018.

FISHER, D.M. The Business Process Maturity Model: A Practical Approach for Identifying Opportunities for Optimization. Business Process Trends Set. 2004. 7 p.

HAMMER, M.; CHAMPY, J. Reengineering the Corporation: A Manifesto for Business Revolution. Nicholas Brealey, 2001.

ROSEMANN, M. et al. A Model for Business Process Management Maturity. In: Australasian Conference in Information System (ACIS), 15, Hobart, 2004.  6 p.

ROSEMANN, M.; BRUIN, T. Application of a Holistic Model for Determining BPM Maturity. Business Process Trends. Fev 2005. 20 p.