Sabemos que a Inovação é um tema largamente analisado e discutido no mercado. Disso ninguém tem dúvidas. Por outro lado, a Gestão de Processos de Negócio também já é consolidada como uma disciplina estratégica poderosa para melhoria contínua das empresas. No entanto, sempre que se une os dois conceitos, aparecem diversas dúvidas: existe sinergia entre eles? Em que partes ou momentos da inovação a gestão de processos exerce influência? Ou ainda: será que existe Inovação no Ciclo de Vida BPM?

Neste post, vamos colocar estes dois temas gigantes lado a lado, explorando os potenciais dessa associação que transforma a realidade de muitas organizações. 

Conceitos de Inovação

Por se falar muito em Inovação, muitas são as definições encontradas na literatura. Uma das mais clássicas é feita por Joseph Schumpeter, considerado o pai do conceito de inovação, que a definiu como “a introdução de um novo bem, uma nova qualidade de bem, um novo método de produção, um novo mercado, uma nova fonte de matéria-prima ou um novo canal de distribuição” (SCHUMPETER, 1934). 

Porém, mais recentemente a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) trouxe, através do Manual de Oslo, uma definição melhor aceita, onde se entende por inovação “a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas” (OCDE, 2005). 

Em ambas as definições, já temos palavras que nos fazem lembrar do BPM, tais como método de produção e processo. Conforme nos aprofundamos, mais explícita vai ficando a presença do BPM na implementação da Inovação nas organizações, considerando que o BPM é um elemento chave para aprimorar as atividades internas, identificar e mitigar gargalos, reduzir custos com o objetivo de aumentar a qualidade dos produtos e serviços oferecidos. Nesse contexto, a Inovação ganha um forte aliado para impulsionar o sucesso desejado! 

BPM a serviço da Inovação

Mesmo com a vasta disponibilidade de informações, profissionais qualificados ou frameworks pertinentes a Inovação, ter uma cultura inovadora funcionando é um desafio de longo prazo nas empresas, pois ao propor uma inovação, as expectativas em volta daquela novidade são altas – do ponto de vista estratégico e financeiro. 

Como norteadores para promover a Inovação nas empresas, existem modelos disponíveis no mercado, como os modelos de Inovação Aberta (CHESBROUGH, 2006), Inovação Disruptiva (CHRISTENSEN et al., 2015), o Lean Startup (RIES, 2011) e o Design Thinking (BROWN, 2017), que propõem diferentes experiências de inovação, mas ao mesmo tempo carregam um elemento em comum em suas metodologias: processos bem definidos.

Sem processos bem definidos, é impossível comprovar os resultados obtidos por qualquer um destes modelos. Embora “inovar” pareça algo livre, leve e muito conectado ao ambiente das ideias, para ser considerado inovação, a mudança deve trazer algo novo, útil e com valor para o mercado. 

Cada solução – mesmo em formato de experimento – irá seguir os processos de Gestão da Inovação da empresa, que vai se desdobrar em atividades executadas alinhadas a um objetivo esperado. Opa! Mas pera: que processos de gestão da inovação são esses?

Vou te dar alguns exemplos:

  • Entender Problema;
  • Buscar Ideias;
  • Selecionar Ideia;
  • Implementar Ideia;
  • Coletar feedback dos clientes;
  • Monitorar desempenho no mercado.

Se não existe gerenciamento dos processos de inovação, as chances de tudo não passar de mais uma ideia passageira são grandes. Então, agora não falta mais nada, não é? Todo este caminho já é a missão do BPM e podemos ver que ele está a serviço da inovação em um nível molecular.

Inovação no Ciclo BPM

Mas, e se tratando do movimento contrário? A Inovação também está em tudo do BPM? Ao analisar o Ciclo de Vida BPM (projeto, modelagem, simulação, execução, monitoramento e melhoria) é claro que a fase que salta aos olhos para se pensar em Inovação é a fase de Melhoria de Processos. Porém, engana-se quem acha que nas outras etapas do Ciclo BPM não existe Inovação

Na fase de projeto, deve-se propor um planejamento de forma disruptiva para atender às necessidades da empresa de forma personalizada. Este planejamento irá guiar toda a forma que você irá conduzir o seu projeto de BPM daqui para frente. Então, se você vai adotar uma abordagem mais tradicional ou uma abordagem de BPM Ágil mais inovadora, é o que vai dar o tom de todo o projeto depois.

É na fase de Simulação de Processos que temos o nosso parquinho de experimentações para testar todas as hipóteses que vierem à mente, sejam elas disruptivas ou frugais. Quer mais inovação que isso?

A modelagem também é importante, porque irá nos fornecer o modelo atual (AS-IS) do processo que será a base depois para a análise, melhoria e redesenho do processo (TO-BE).

A execução nada mais é do que a inovação viva, acontecendo na prática no dia a dia das pessoas que executam o processo. É aqui que vamos vivenciar a inovação no processo. Sem a execução, a inovação não passa de uma ideia teórica.

A fase de monitoramento traz os feedbacks necessários para saber se a inovação de fato está contribuindo com resultados positivos no processo.

Conclusão

Além do Ciclo de Vida BPM, a Inovação também se faz presente no mundo do BPM na oferta de tecnologias que proporcionam suporte à operação dos processos. Isso inclui desde ferramentas que facilitem a colaboração, passando pelos sistemas de gestão de documentos, chegando na automação de processos, Process Mining e, claro, no uso da Inteligência Artificial (IA) para melhorar a eficiência e fornecer insights valiosos para a tomada de decisões estratégicas.

Resumindo, Inovação e BPM podem sim conviver no mesmo ambiente. Mais do que isso, são áreas do conhecimento que se correlacionam em pontos importantes para o sucesso de aplicação de ambas as partes. Essa análise abre portas para muitas discussões e descobertas a respeito dos temas. Afinal, se separados já são tão comentados, imagina juntos! 

Você já havia pensado dessa forma sobre Gestão de Processos e Inovação? O que acha que podemos explorar ainda mais sobre esta combinação? Compartilhe conosco suas experiências com BPM e inovação!

Referências Bibliográficas

BROWN, T. (2017). “Design Thinking: Uma Metodologia Poderosa para Decretar o Fim das Velhas Ideias“. Rio de Janeiro, RJ, Brasil: Editora Alta Books.

CHESBROUGH, H.; VANHAVERBEKE, W.; WEST, J. (2006). “Open Innovation: Researching a New Paradigm”. Oxford: Oxford University Press.

CHRISTENSEN, C. M.; RAYNOR, M. E.; RORY, M.; MCDONALD, R. (2015). “What is disruptive innovation?” Harvard Business Review, 93(12), 44–53. https://doi.org/10.1353/abr.2012.0147

RIES, E. (2011). “The Lean Startup”. New York: Crown Business.

SCHUMPETER, J. (1934). “The Theory of Economic Development”. Harvard University Press, Cambridge Massachusetts.