Introdução

O que eu acho que é essencial na carreira de um consultor de processos? Eu acredito que o essencial é unir a teoria e a prática, a combinação entre estudo e experiência. Por que isso? Eu acho que se você tem só a teoria, se você só estuda um determinado assunto como BPM, por exemplo, você está estudando, pesquisando, lendo ou buscando soluções para um problema que você não conhece, que você nunca vivenciou, que você nunca experimentou na prática. Muitas vezes, acaba trabalhando com problemas e hipóteses totalmente fictícias.

Por outro lado, se você só mergulha na prática, mas não busca o estudo, o conhecimento, o que acontece é que você fica com uma visão muito limitada do trabalho. Você não abre a cabeça, não amplia seus horizontes, não conhece o estado da arte, você não consegue pensar em formas de inovar, de sair de dentro da caixinha.

Então, eu acredito que a combinação desses dois aspectos é essencial. Surge então a pergunta: Como eu combino estes dois aspectos? Como eu construo a minha carreira de consultor de processos equilibrando estes dois elementos?

Obviamente, existem múltiplas respostas para essa pergunta. Cada um de nós tem a sua história e hoje eu vou compartilhar com vocês como eu construí essa ponte para o mundo de BPM. Mas vale ressaltar: não quer dizer que esses sejam os únicos caminhos possíveis. 

Início da minha carreira de analista de processos

Eu comecei a minha carreira profissional trabalhando desde muito cedo, com 16 anos. Quando eu entrei na faculdade eu já trabalhava, mas era em uma área que não tinha nada a ver com a minha faculdade. A minha faculdade era Ciência da Computação na UFRJ e quando eu estava na metade do curso eu percebi esse descompasso: eu estava estudando em uma área que eu gostava bastante, mas trabalhava em uma área que não tinha nada a ver, apesar de já estar contratada e ganhando um salário bom.

Ali eu precisei fazer meu primeiro “salto de fé”: abrir mão desse emprego e começar um estágio ganhando bem pouco, mas trabalhando na área de computação. Rapidamente, eu fui contratada no estágio, fui para um projeto que foi absorvido depois por outra empresa e essa outra empresa me contratou. Enquanto a minha carreira evoluía, minha graduação ia chegando ao final. 

Nas últimas disciplinas da faculdade eu tive contato pela primeira vez com a área de processos e BPM e me apaixonei pelo assunto. Os professores (Marcos Borges e Renata Araujo) desta disciplina acabaram se tornando meus orientadores do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) cujo tema era uma ferramenta chamada Beans Composer, voltada para trabalhar com componentes de processos.

TCC- Arquitetura Beans Composer
TCC: Arquitetura Beans Composer

Em seguida, emendei em um mestrado na UFRJ no NCE (Núcleo de Computação Eletrônica), com os mesmos professores. No trabalho, eu me envolvi em um projeto de um sistema de workflow. Naquela época não se falava em BPMS (Business Process Management System), mas já existiam os Sistemas de Gerenciamento de Workflow. Esta foi a primeira vez que o meu trabalho esbarrou na área de processos. Não foi algo planejado, mas foi o primeiro contato que eu tive. Então, a dica aqui é: não importa como você comece. Todas as experiências são válidas e lá na frente elas vão se conectar formando um todo, como se você juntasse as peças do quebra-cabeças.

E continua….

A minha dissertação de mestrado envolveu a concepção de um Modelo de Maturidade de Colaboração em Processos (CollabMM), que hoje é uma das soluções da dheka. Esta pesquisa do mestrado me levou para uma conferência internacional para apresentar o artigo referente ao trabalho na Noruega. Foi minha estreia em uma conferência internacional para apresentar o meu trabalho em inglês!

Dissertação de Mestrado- CollabMM com KPAs
Dissertação de Mestrado: CollabMM com KPAs

Quando eu terminei esse mestrado eu decidi que eu queria dar um tempo dos estudos. Eu queria ganhar dinheiro e eu achava que o mercado não iria valorizar um Doutorado, já que eu tinha um Mestrado e eu precisava ganhar dinheiro.

Seguindo com o meu trabalho, eu tive contato pela primeira vez com o Humberto Rubens, que é um dos autores de um livro de BPM, hoje é sócio da dheka e trabalha comigo em diversos projetos. Naquela época, o Humberto foi o meu mentor. E aí vem outra dica: É muito importante a gente ter essas referências, esses mentores, essas pessoas que ajudem, peguem pela mão e ensinem. O Humberto trabalhava modelando processos e eu estava desenvolvendo um sistema para a equipe dele e fui aprendendo com ele os conceitos de processos porque ele precisava que eu desenvolvesse certas coisas na ferramenta. 

Início oficial da dheka

Eu aprendi processos ao construir uma ferramenta para fazê-los funcionar, exigindo compreensão dos conceitos para implementá-los. Evoluí do cargo de analista pleno para a oportunidade de trabalhar como PJ, trocando desenvolvimento de software pela modelagem de processos. Esse foi meu segundo ‘salto de fé’, mesmo com a descrença da minha família. Foi então que criei a dheka, como um bloco de notas fiscais. Não subestimem o potencial das empresas que começam pequenas e informais.

Quem me conhece sabe que o nome dheka vem do meu nickname do ICQ, uma plataforma de mensagens instantâneas que era utilizada na época. Esse nome complicado com “h” e “k” era porque eu tinha medo de que confundissem com a deca, marca de louças e vasos sanitários. Então, eu criei o nome mais estilizado para não ser confundido.

Voltando ao lado acadêmico, pessoas com as quais eu interagi durante a minha graduação e mestrado acabaram me convidando para participar de projetos na área de BPM ligado a universidades, projetos de pesquisa e de consultoria. E eu fui mantendo as duas carreiras em paralelo porque eu gostava dessa combinação da teoria com a prática.

Chegou a um ponto em que acabou sendo natural que eu entrasse para o Doutorado. Então, eu comecei a estudar na COPPE/UFRJ sob a orientação da Profa. Claudia Werner e, novamente, da Profa. Renata Araujo. Eu segui durante o Doutorado trabalhando na área de processos, publiquei vários artigos em journals e conferências e tive a oportunidade de divulgar a minha pesquisa em diferentes lugares do mundo.

Crescimento da dheka

Mais ou menos no final do meu Doutorado eu comecei a dar uma carinha de empresa para a dheka e foi assim que eu comecei a criar a primeira logo, primeira versão do site e começamos a participar de licitações, ganhamos grandes clientes e a dheka começou a ter as primeiras pessoas trabalhando. Eu terminei o meu Doutorado depois de um pequeno sufoco no final porque terminar um Doutorado não é fácil. Emendei no meu primeiro pós-doutorado lá mesmo na COPPE/UFRJ e meu segundo pós-doutorado na UNIRIO, ambos ligados ao tema de processos e colaboração. 

Tese de Doutorado- COMPOOTIM
Tese de Doutorado: COMPOOTIM

Alguém pode perguntar, mas por que dois pós-doutorados? A única resposta que eu tenho é: porque eu gosto de estudar, de pesquisa e passei a minha vida inteira estudando a área de processos. Até que eu passei em um concurso para ser professora 20 hs da UFF, no Instituto de Computação e atualmente dou aula nas disciplinas de Modelagem de Processos de Negócio e Gerência de Projetos e Manutenção de Software.

Do lado profissional a dheka cresceu, teve seus altos e baixos, passamos por algumas crises, nos recuperamos, deslanchamos até que chegamos nesse trabalho de hoje em dia e eu comecei uma nova carreira de blogueira, palestrante, youtuber, mentora, construindo tudo isso que hoje vocês veem: blogs, ebooks, vídeos, áudios, criando todos esses conteúdos.

Quando vocês olham para tudo isso vocês podem pensar: Poxa, mas essa menina não tem foco, ela atira para todos os lados e faz um monte de coisa. Será que é isso mesmo? O que vocês acham que blog, consultoria, cursos, aulas, palestras, vídeos e posts têm em comum? Pra mim, é que eu posso compartilhar conhecimento de diferentes formas. O conhecimento que eu adquiri durante todo esse tempo de carreira na área de processos lendo, estudando, pesquisando, participando de projetos, conferências, orientando alunos, publicando artigos.

Acredito que essa é a chance de eu fazer um pouquinho do give it back, ou seja, o meu propósito hoje é ter a chance de compartilhar esse conhecimento e devolver para a sociedade um pouco desse conhecimento que eu adquiri.

Conclusão

Mas será que todo mundo precisa ter 2 pós-doutorados e ser professora para trabalhar com processos? Óbvio que não!

Você tem que buscar o seu caminho para estudar e aprofundar seus conhecimentos nesse tema, que com certeza é diferente do meu. Procure buscar contextos, projetos e mentores que te deem a chance de botar a mão na massa e exercitar o que você estuda para conseguir solidificar esses conceitos.

Quando você (como consultor de processos) vai receber um cliente novo, eles vêm atrás desse conhecimento que sabem que a gente tem, dessas experiências que a gente já passou e do fato de a gente sempre estar estudando, se renovando e trazendo novidade. Essa fartura de conhecimento que nós temos vem dessa experiência. Então, esse é o meu segredo para ser consultor de processos.

Mas atenção! Eu não acho que esse é o único caminho, vocês não precisam seguir os mesmos passos, mas eu acho que é uma dica importante e uma história capaz de motivar algumas pessoas que estão na dúvida sobre qual carreira seguir e se a carreira de analista de processos é para elas ou não.

Se este assunto te interessa e você quer acompanhar mais dicas sobre a carreira de consultor de processos, segue a dheka no Instagram e acompanhe a serie “Ahhh se eu soubesse…”, onde a Andrea de hoje aconselha a Andrea do início da carreira! 😉

E se você precisar de ajuda com a sua carreira de analista de processos e quiser contratar a mentoria da dheka entre em contato conosco!