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Colaboração interorganizacional
A globalização, juntamente com as transformações na economia e as inovações tecnológicas, além da disseminação rápida de informações, criam uma necessidade constante de melhoria dos processos internos. Consequentemente, há uma pressão para reduzir tanto o tempo quanto o custo do desenvolvimento de produtos. Além disso, o desejo de agregar valor ao próprio negócio e de responder às demandas do mercado e dos clientes torna-se imperativo. Ademais, em um ambiente caracterizado pela concorrência entre redes de organizações, essas pressões levam inevitavelmente à mudança e adaptação das organizações para que possam se manter competitivas.
Portanto, uma abordagem usualmente adotada para enfrentar esse ambiente dinâmico e imprevisível tem sido ultrapassar as fronteiras organizacionais. Nesse sentido, investir no estabelecimento de parcerias com outras organizações tem se mostrado uma estratégia eficaz.
Importância da colaboração
A colaboração é uma importante estratégia de negócios para as organizações. A partir dela, os membros dessas organizações podem atuar em conjunto em direção a um objetivo. Como resultado, obtêm um melhor desempenho do que teriam se agissem sozinhos.
O que chamamos de colaboração interorganizacional seria, portanto, uma extrapolação disso. Em outras palavras, ela pode ser definida como um processo através do qual as organizações, que observam diferentes aspectos de um mesmo problema, podem explorar de forma construtiva suas diferenças. Além disso, elas podem trocar expertise, modificar atividades, compartilhar recursos e, consequentemente, aumentar sua capacidade para benefício mútuo. Desse modo, buscam soluções que vão além da sua visão limitada do que é possível fazer para alcançar um objetivo comum.
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Assim, ao investirem em relacionamentos interorganizacionais, as organizações visam combinar recursos, conhecimento e/ou poder em benefício das organizações participantes e compartilhar os resultados alcançados com tal parceria.
Essas organizações selecionam um tipo específico de relacionamento, que pode ocorrer de forma ad hoc ou mais estruturada. Essa seleção leva em consideração a oportunidade identificada para trabalho conjunto, a realidade enfrentada e os acordos estabelecidos. Tudo isso orienta como a colaboração interorganizacional deverá ocorrer para alcançar um objetivo comum, desde o estabelecimento do relacionamento interorganizacional até sua finalização (Figura 1).
Benefícios dos relacionamentos interorganizacionais:
– Novas oportunidades de negócio, mercados e tecnologias;
– Aumento da rede de negócios;
– Resposta mais adequada aos desafios do mercado e às demandas dos clientes;
– Captura de recursos e entrega de produtos/serviços com mais agilidade e qualidade;
– Acesso a uma gama mais ampla de ferramentas (recursos humanos, financeiros, sistemas, equipamentos, processos de trabalho, informações etc.) a um custo mais favorável;
– Complementação das habilidades e conhecimentos existentes;
– Compartilhamento de riscos, responsabilidades e benefícios decorrentes da parceria;
– Inovação e fornecimento de novos produtos/serviços.
Desafios
Apesar de todos esses benefícios, as organizações participantes podem enfrentar vários desafios. Os relacionamentos interorganizacionais estimulam a interação de organizações com diferentes características. Isso aumenta a probabilidade de serem enfrentados mal-entendidos e conflitos, influenciando assim o alinhamento da parceria. As organizações devem desenvolver habilidades para trabalhar nesta nova dinâmica, identificando, integrando e gerenciando todos os elementos compartilhados. Isso favorece a execução de atividades e o alcance dos objetivos compartilhados. Se não for possível estabelecer um meio-termo entre todas as dinâmicas existentes, o relacionamento interorganizacional pode falhar.
Em relação ao ciclo de Gestão de Processos de Negócios (do inglês Business Process Management – BPM), é necessário entender o que o relacionamento interorganizacional visa alcançar e o que realmente pode ser feito em todas as fases.
As organizações mantêm uma grande coleção de modelos de processos de negócios para representar o sistema complexo que são. Para isso, elas capturam e analisam esses processos e as interdependências existentes entre eles. Ao lidar com várias organizações que interagem umas com as outras, a modelagem do negócio e de objetivos se torna mais complexa.
As organizações precisam de mecanismos que as auxiliem na:
– integração de diferentes processos;
– padronização de conceitos distintos;
– atribuição de responsabilidades e autoridades;
– definição de indicadores de desempenho;
– compreensão de que as definições e mudanças afetam não apenas uma organização, mas toda a parceria.
As metodologias para compreensão da organização devem ser melhoradas e estendidas para lidar com as particularidades dos relacionamentos interorganizacionais. Elas precisam fornecer mecanismos que permitam:
– o alinhamento de organizações heterogêneas;
– a identificação e design de processos de negócios mais complexos, fornecendo um entendimento intra, inter e extra organizacional;
– o redesenho do modelo de negócios para melhoria de desempenho;
– o estabelecimento de processos decisórios e de coordenação;
– a atribuição de responsabilidades;
– o uso compartilhado de recursos;
– a representação de aspectos colaborativos do trabalho conjunto;
– a visibilidade e aplicabilidade do conhecimento combinado;
– a realização de ajustes “plug-and-play”;
– um gerenciamento em tempo real.
Referências
DIIRR, B.; CAPPELLI, C. “A systematic literature review to understand cross-organizational relationship management and collaboration”. In: Hawaii International Conference on System Sciences (HICSS), 2018.
Publicado por: Bruna Diirr brunadiirr@gmail.com
Bruna é professora substituta do Instituto de Computação da Universidade Federal Fluminense (IC/UFF) e realiza estágio pós-doutoral na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (PPGI/UNIRIO). Concluiu seu doutorado em Informática pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGI/UFRJ) em 2016, com período sanduíche no Rensselaer Polytechnic Institute (RPI/USA), e seu mestrado em Informática pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (PPGI/UNIRIO) em 2011.
Possui experiência em consultorias para modelagem e redesenho de processos de negócio em organizações de diferentes segmentos, desenvolvendo também pesquisas em Sistemas de Informação, Colaboração (CSCW), Gestão de Processos de Negócio (BPM) e Gestão do Conhecimento.
Nessas áreas, possui trabalhos publicados em congressos e revistas nacionais e internacionais.