Introdução

Não há dúvidas de que vivemos a Economia do Conhecimento, em que o bem de maior valor em organizações públicas ou privadas é o intangível gerado pelas mentes humanas.

Isso justifica o crescente investimento em formação e em manutenção de funcionários, que são os vasos do conhecimento, gerando a cada dia, diferencial, competitividade e, não raro, milhares de dólares para as empresas onde trabalham. 

Preservando o Conhecimento Organizacional

Por que é tão difícil manter o conhecimento útil dentro da organização? 

Revistas e jornais de circulação nacional e internacional divulgam todos os dias, notícias de que as gerações de profissionais mais novas não ficam por muito tempo em uma empresa. 

Enquanto num passado não tão remoto, era comum uma pessoa fazer toda a sua carreira em uma organização, independente de, oficialmente, ter ou não ter estabilidade, hoje, possibilidades de grande rotatividade levam o indivíduo a perseguir benefícios e condições de trabalho cada vez melhores, fazendo com que a média de permanência em uma empresa caia drasticamente.

Essa mobilidade complica, em muito, a manutenção do conhecimento, em especial daquele mais utilizado e único, dentro de uma organização .O ser humano é recipiente desse conhecimento e não é nada fácil convencê-lo a compartilhar aquilo que tem tamanho valor.

Em parte, o receio de que algo dê errado seja feito com o conhecimento compartilhado é apontado como uma razão para essa hesitação. Por outro, quanto mais a crença de que o poder e o diferencial está no que se conhece e não no que se faz, menos o indivíduo se sente motivado a deixar explícito aquilo que o torna mais especial. Uma terceira motivação que dificulta ainda mais essa questão é de que nem todo o conhecimento pode ser explicitado, estando embutido nos valores, na experiência e nas práticas pessoais daquele que o possui.

Gestão de Conhecimento & BPM

E o que isso tem a ver com gestão de processos de negócio (BPM)? A resposta mais curta é: tudo! Porém, esta questão merece uma justificativa e uma análise cuidadosa. 

Como se sabe, os processos de negócios representam “como” as empresas desenvolvem e disponibilizam seus produtos e serviços. Essa representação é puro conhecimento.

Vamos supor que um novo funcionário seja contratado para um determinado cargo da empresa. Não há dúvidas de que poderá aprender com muito mais rapidez e segurança como realizar seu trabalho, se tiver acesso a uma descrição pormenorizada da sequência de atividades que deve executar, com que papeis e sistemas de informação precisa interagir e a que recursos deve ter acesso e autorização para criar, usar e/ou modificar. 

Novas Fontes de Conhecimento

Além disso, novos métodos de mineração de processos surgem a cada dia para mostrar uma versão mais realista de como se dão as práticas organizacionais, permitindo a partir de técnicas automáticas de análise de logs de processo, a compreensão de como o trabalho se dá na realidade e não apenas de como se imagina ou idealiza que seja conduzido, como representado nos modelos. 

Essas são fontes de conhecimento importantíssimas para uma organização e que, diferentemente de funcionários, não deixam a empresa. Pelo contrário, hoje, as organizações dão enorme valor à criação e manutenção de bases de processos, sejam eles completamente automatizados por sistemas de informação ou parcialmente realizados sem intervenção automática. 

Buscar formas mais eficazes de governança dos processos de negócio organizacionais é, portanto, uma necessidade premente em organizações, sejam elas públicas ou privadas e dos mais diversos setores do mercado. 

Esse bem precioso deve ser levado a sério e mantido de modo que os modelos expressem a realidade de como o trabalho é conduzido e de que restrições são obedecidas para que a eficiência e a eficácia sejam garantidas na realização de cada processo. 

É importante dizer, inclusive, que o investimento na modelagem, gestão e mineração de processos diz muito sobre a maturidade de uma organização. 

Quanto menos ênfase ou importância se dá na manutenção de modelos que descrevem o que a empresa faz, menos maturidade a organização demonstra, diante de um mercado cada vez mais competitivo e que tem o conhecimento como o seu bem mais precioso.

Quer saber mais?

Já que isso é tão relevante, que dicas podemos dar aos interessados em conhecer mais sobre o assunto? 

Bom, a primeira coisa importante é se informar, em canais como este blog e os vídeos do youtube da dheka. Fontes relevantes e atuais sobre como gerir os processos de negócio de modo mais eficaz são disponibilizadas a cada dia e gostaríamos de ressaltar o recente livro intitulado Fundamentals of BPM como uma das fontes mais confiáveis no momento. 

Infelizmente, muitas das fontes se encontram apenas em inglês e demoram a ser traduzidas para o português. Na verdade, isso apenas ressalta a importância de canais como o presente, que interpretam o conteúdo de fontes como a citada, dando, além da tradução, uma linguagem menos acadêmica e mais situada no contexto empresarial, fazendo assim, com que o conhecimento sobre gestão de processos de negócios se torne mais acessível e adaptado a ambientes práticos.

Conclusão

Compartilhar o conhecimento, apesar da hesitação de alguns, é importante e perfeitamente seguro. 

Não há outro produto que se possa trocar sem perda para nenhuma das partes. Em outras palavras, quando dois produtos concretos A e B são intercambiados, alguém perde o produto A para ganhar o produto B. 

Na troca de conhecimento, todos aqueles que participam da troca terminam com todo o conhecimento compartilhado e com mais uma porção de outros conhecimentos criados no processo de compartilhamento. Essa é a natureza desse produto intangível e tão importante para uma organização. Em cada compartilhamento, ele se multiplica. 

Se alguns deles devam ser, sem dúvida, tratados com enorme sigilo e as devidas licenças, garantindo assim, a sobrevivência dos produtos e serviços vendidos por uma empresa, outros podem e devem ser compartilhados mais e mais, já que, ao invés de perder conhecimento (ou seja, aquilo que torna alguém especial), quando uma pessoa compartilha, a chance de ela se tornar ainda mais relevante é ainda maior, não só pela visibilidade que ganha com o compartilhamento, mas por toda a riqueza do processo de troca, que em geral, traz novos insights, novas aplicações e nova vida ao conhecimento trocado. 

A gestão de processos de negócios deve, portanto, ser encarada como uma medida de gestão do conhecimento organizacional e, como tal, valorizada mais e mais a cada dia. Não há saída para uma organização fechada e que não tem o “autoconhecimento” em relação às suas práticas. 

Em um ambiente de tamanha competitividade e dinamismo como o que vivemos hoje, essa organização dificilmente sobreviverá. O investimento em gestão de processos é, portanto, uma necessidade premente e a valorização do compartilhamento do conhecimento, seja ele processual ou não, igualmente fundamental.