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Processos Intensivos em Conhecimento (KIP)

Introdução

A série Hot Topics aborda temas avançados e futuristas em BPM. Fique por dentro das tendências e novidades da área de Gestão de Processos de Negócio:

Conceitos de Processos Intensivos em Conhecimento (KIP)

Os KIPs (Knowledge Intensive Process) ou Processos Intensivos em Conhecimento são aqueles processos executados pelos Knowledge Workers (Trabalhadores de Conhecimento). Os KIPs são processos muito centrados em conhecimento e dados. Estes processos precisam de uma flexibilidade tanto em tempo de modelagem quanto em tempo de execução.

Por que eles precisam dessa flexibilidade em tempo de execução? Os KIPs correspondem a uma classe específica de processos cujas atividades não podem ser facilmente planejadas. Elas precisam ser adaptadas “On the Fly” ou “During Execution Time”, como gostamos de dizer, em inglês. Ou seja, eles precisam ser adaptados dinamicamente e essa adaptação dinâmica depende do cenário de execução do processo, do que está acontecendo naquele momento. Vamos trazer alguns exemplos de Processos Intensivos em Conhecimento:

Importância dos KIPs

Como vocês sabem, eu sou professora da UFF (Universidade Federal Fluminense) do Instituto de Computação e nós estamos tendo uma série de palestras online, ciclos de seminários no Youtube do Instituto de Computação da UFF. Nós tivemos uma palestra com o Bruno Flach, diretor da IBM Research aqui no Brasil. Ele falou sobre processos intensivos em conhecimento como um dos temas de interesse. Vocês podem assistir ao vídeo dele, onde eu não perdi tempo para fazer uma pergunta para ele, justamente sobre os processos intensivos de conhecimento. E adivinha o que ele respondeu?  “Um dos principais vetores de investimentos hoje, aqui no Brasil.” Uau!

Exemplos de KIPs

Quando pensamos em um processo de triagem dos pacientes que chegam em um hospital existem múltiplas variáveis que devem ser levadas em consideração, como o estado de saúde, gravidade do caso, idade do paciente ou disponibilidade dos médicos que estão ali para atender. Sendo assim, não é possível estabelecer um processo totalmente determinístico para lidar com esses processos e algum nível de atuação do especialista vai ser necessário nesses processos.

Planejar uma viagem. Existem múltiplas variáveis para considerarmos, de acordo com os interesses de cada um e isso muda muito a forma como a gente organiza o roteiro.

Até mesmo os processos de desenvolvimento de software são processos intensivos em conhecimento, visto que eles envolvem uma disciplina multi-disciplinar concebendo soluções tecnológicas para diferentes desafios de negócio.

Um exemplo mais simples: Imagine um processo de criação de uma música. Você acha que a gente pode chegar para um cantor ou compositor e dizer “Olha, você sempre tem que fazer a letra primeiro e a melodia depois”. Isso não vai dar certo, não é mesmo?  Existem muitas variações, então não daria para tentar sistematizar demais esse processo.

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Notação CMMN – Case Management Model and Notation

E aí você se pergunta: Bom, se eu não posso tentar definir os KIPs de uma maneira tão estruturada e tão esquematizada será que eu posso usar uma notação padrão, como a BPMN (Business Process Model and Notation)?

A resposta é: Até pode, mas existem notações específicas para isso.

Existe uma notação chamada CMMN (Case Management Model and Notation), que também é emitida pela OMG que é a mesma organização que mantém a notação BPMN. A CMMN tem uma série de recursos para lidar com essa característica não determinística dos processos intensivos em conhecimento, como alguns elementos específicos.

Temos um post aqui no blog do professor Toacy Cavalcante, que é especialista nesse assunto. Ele descreveu, inclusive, um exemplo de um processo de viagem modelado usando essa CMMN, para quem quiser aprender um pouco mais.

KIP e a Tecnologia

Sempre surge aquela pergunta: Mas KIP tem a ver com tecnologia?

Não. Podemos ter processo intensivo em conhecimento de forma manual, que não está automatizado, sem usar nenhuma ferramenta de BPMS (Business Process Management System) ou de RPA (Robotic Process Automation).

Os processos intensivos em conhecimento são difíceis de automatizar, por isso o foco não é tecnologia. É muito difícil os colocar em uma ferramenta, como BPMS, pois não temos uma estrutura rígida do processo formal, totalmente definida.

KIP e o Foco nas Pessoas

Então o que é importante no KIP?

O mais importante é entendermos que esses processos são Human Centric (Processos Centrados em Pessoas). São processos onde o conhecimento das pessoas tem uma importância muito forte. Desse conceito vem a ideia do Social BPM, pois fala-se que nós não podemos pensar nos processos sem pensar nas pessoas que vão executá-los, participando e interagindo com esses processos.

Então podemos falar de um processo intensivo em conhecimento que envolva cliente, fornecedor, executor, gestor e várias pessoas. Quando pensamos em KIP, a ideia do Social BPM é muito forte.

Conclusão

Para concluir, vale fazermos uma ponte com o assunto de mineração de processos. Os KIPs são fortes candidatos a passarem por uma mineração de processos para entendermos como, na prática, os profissionais especializados nos temas abordados pelos processos, estão lidando com esses processos criativos.

Podemos minerar e entender o que está acontecendo, fazer melhorias e até aplicar o Operation Support para dar dicas para quem está executando o processo saber como pode conduzir aquele processo com base em experiências anteriores e no aprendizado de outros especialistas que vieram antes dele.

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